Reunião Apresentação Projecto Quebra Mar

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Em primeiro lugar, a comunidade Surf Salense e Cabo-verdiana em geral está de parabéns pela capacidade de mobilização em prol de uma causa nobre e a atitude de lutar para a preservação daquilo que tem produzido grandes talentos e colocado Cabo Verde nas páginas e rotas internacionais dos desportos náuticos.



No dia 4 de Junho, a comunidade surf da ilha do Sal, juntamente com a entidade de protecção das tartarugas e a população local, reuniram-se com o Director Geral do Ambiente, Moisés Borges, com o objectivo de discutir a questão da aprovação do projecto (Intervenções para Melhoria das Condições Balneares - Melia Llana Beach Hotel)quebra-mar nas praias do Algodoeiro.
O motivo apresentado para a construção de quebra-mar na praia do Algodoeiro é o de criar condições balneares necessárias para os turistas que frequentam os hotéis pertencentes ao grupo Resort Meliã Llhana.
De salientar que esta medida só vai fundar outro problema que os próprios hotéis criaram, pois com a construção dessas unidades hoteleiras os mesmos formaram uma barreira que impede o natural fornecimento de areia às praias do algodoeiro, areia esta que é removida constantemente pelo movimento natural do mar. Pelos vistos a consequência dos erros está a gerar um erro maior.

Muito se têm dito sobre os benefícios trazidos pela indústria do turismo em Cabo Verde, gerando empregos, receitas e movimentando a economia, um fato inegável que qualquer pessoa de bom senso pode constatar. Mas ao mesmo tempo este bom senso parece não existir quando se trata de reconhecer que existe uma SOBREVALORIZAÇÃO desse aspecto na nossa economia.
O turismo gera riquezas sim, mas as condições de vida dos Cabo-verdianos e Cabo-Verdianas em pouco têm se alterado, ao lado dos artifícios estéticos, dos discursos estatísticos, das “políticas para inglês ver”, como exemplo, podem focar nos salários vergonhosos, no emprego precário, no sistema all inclusive que tem sufocado o negócio local, nas leis laborais insuficientes, e ainda de não se considerar o grande impacto ambiental da construção e não manutenção das unidades turísticas.




Meus caros, nesta área está localizada a internacionalmente conhecida onda de Ponta Preta, lugar de recreação para os amantes de actividades náuticas como o Surf, Bodyboard, Windsurf, Kitesurf, onde desde a década de 90 (Trilogy 98) se realizam periódicas etapas do campeonato Mundial de Windsurf, sendo a etapa PWA (Professional Windsurf Association) de 2007, considerada a MELHOR PROVA ALGUMA VEZ REALIZADA EM TODA A HISTÓRIA DO DESPORTO.

Ponta Preta pelas suas belas ondas, lapidou talentos e produziu dois campeões mundiais de kitesurf: o Mitu Monteiro, Airton Cozzolino Lopes, assim como outros dois Cabo-verdianos que percorrem o circuito mundial este ano, Marciel “Matchu” Almeira e Djo Silva.
De sublinhar que saudou-se campeão numa das etapas com campeonato do Windsurf o Josh Angulo que competiu com a bandeira de Cabo Verde e ainda o Ponta Preta foi a escolhida para o encerramento do campeonato mundial de Windsurf.
Ainda para completar basta vermos as estatísticas de que o Turismo desportivo náutico tem crescido exponencialmente nos últimos anos, graças à famosa Ponta Preta.

Existe sim um turismo desportivo em alta de Outubro a Julho. Não podemos deixar isso morrer.
Outrossim, no entender do representante do Ministério do Ambiente, Habitação e do Ordenamento do Território os argumentos apresentados pelos activistas presentes, bem como os da análise do estudo do impacto ambiental, entregue juntamente com a petição pública e pela Associação SOS Tartarugas, reunindo aproximadamente 5000 Mil assinaturas dos quatro cantos do mundo, sublinhou que os mesmos carecem de sustentação técnica, e considerou estarem baseados em opiniões aleatórias. É possível???

Para mais, o próprio afirmou ainda que é estranho que durante tanto tempo e no decorrer de vários outros processos ninguém se tinha pronunciado em relação aos demais, e ainda achou estranho que precisamente num processo de “tamanha envergadura”, apareçam pessoas que “o contrapõem”. Afinal ele é quem decide?
Estamos cientes de que neste nosso Cabo Verde sempre que apareçam pessoas reivindicando alguma coisa, surgem essas insinuações, levantando suspeitas acerca das reais motivações. Portanto, desde já, deixaremos bem claro que o fato acontecido no dia 4 de Junho foi um movimento civil, por parte de pessoas conscientes dos seus direitos de protesto e que não existe nenhuma motivação político/partidária, como muitas vezes se têm feito crer, portanto não é aceitável o descrédito desse movimento.

Sendo que a área em questão é uma área protegida e o projecto de áreas protegidas de Cabo Verde é financiado principalmente pelas Nações Unidas, fica a questão, qual é o parecer da ONU em relação a essa questão? Uma vez que esta obra vai modificar completamente a morfologia física desta área, contradizendo uma das principais funções pela qual foram criadas as áreas protegidas em Cabo Verde, que é a protecção do habitat natural, conservação da fauna, flora e o ambiente.

De acordo com o DGA Moisés Borges, o projecto foi “muito bem avaliado" por uma equipa composta por várias instituições e técnicos "com capacidade de avaliação científica" e está pronto para homologação, salvo seja apresentado argumentos técnico-científicos que provam que essa obra trará consequências irreversíveis no ambiente.
No nosso entendimento, esta área está situada dentro da reserva natural de Ponta Sinó, que contém elementos de reserva natural (tais como uma fauna indígena de valor excepcional e com função ecológica extremamente importante para a ilha e para o país) , que deveriam ser protegidas para perpetuar essas características e anular qualquer acção futura do homem.

A comunidade continuará mobilizada em prol da defesa de um bem comum nacional, manifeste-se porque continuaremos unidos a favor das causas nobres e na defesa do nosso património natural, uma das riquezas naturais deste pequeno Cabo Verde.

Vamos lutar para a continuidade do desporto náutico, do circuito internacional do desporto náutico, do Turismo do Desporto náutico (que tem trazido mais sustentabilidade do que o regime All Inclusive, pois estes conhecem a cultura do país, a língua, a gastronomia e ainda são clientes para toda a vida e induzem outros a provar dessa morabeza que se tem perdido com o tempo).


Manifestem-se!
Manifestem-se!
Juntem-se a nós….


 Informe-se: 



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