A Estrada

20:49



PT: Longe das estradas de alcatrão. da histeria da cidade e de toda a artificialidade. percorremos um território desconhecido, simples e desértico. É a primeira vez que tinha ido ali. Não sabia onde estava, a estrada serpenteava entre arvores, rochedos, colinas, subia e descia. Não sabia onde ela me levava, mas logo descobri, que ela me tinha guiado a um dos lugares mais pitorescos que já fiz surf.  Ao longo do caminho o chão embalavam o carro de uma forma que lembrava o movimento do mar, provocava uma espécie de sonolência que se compara aquela que sentimos quando sentamos nas pranchas à espera do set.

Ao fim de largos minutos, ao fim da ansiedade chegamos ao destino, lançamos um primeiro olhar sobre o lugar, a paisagem do outro lado do vidro convidava a ser visitada, um território abandonado aos surfistas e à paixão que ali celebram. O sitio é uma espécie de vale que termina na praia, as colinas caem com preguiça para o mar formando um tipo de anfiteatro que fornece uma visão única sobre a paisagem, isso para quem estiver disposto a subi-las. Há uma energia pacifica, a luz é de uma qualidade diferente iluminando as pedras, o mar, as arvores, o chão, dando realce às cores simples, mas harmoniosamente enquadradas. Era como se tudo tivesse sido colocado ali por alguma força sobrenatural que ainda não conhecemos; E era na verdade, pois a surpreendente beleza que via-mos era demasiado para ser obra do simples acaso.

Como se não fosse suficiente a beleza do castanho da terra, as ondas estavam lindas na água, azuis, sendo acariciadas pelo vento e à nossa espera. Não perdemos mais tempo e demos inicio às preparações para o surf, a água era fria, mas não importava as ondas estavam ali. Depois de algumas ondas surfadas, quedas, sorrisos e os inevitáveis goles de água salgada, sentamos quase todos num lugar confortável entre as pedras. O sol já não ardia de forma tão intensa, a brisa leve do final da tarde vinha por dentro das colinas tocava o fim do vale, o inicio do mar, precisamente o lugar onde estávamos.

Mesmo em cima das rochas que despontavam de dentro do mar, levantou-se uma onda e sob o olhar atento de todos alguém desliza com ela, de forma serena e elegante pintando linhas num quadro surreal, o surfista, as ondas, as colinas. Havia uma cumplicidade verdadeira entre os que ali estavam, em cada olhar encontrava-se a compreensão da paixão que movia cada um e todos, os olhos "diziam": Eu sei qual é a paixão que te alimenta a alma, tu sabes qual é a paixão que alimenta a minha e é bom estar a partilha-la contigo aqui, aqui onde a estrada nos trouxe.

EN:
Away from the asphalt roads, the city hysteria and all artificiality. We went through an unknown, plain, desert territory. It was my first time there. I didn’t know where I was, the road wound among the trees, rocks and hills, up and down. I didn’t know where it was taking me, but soon I found out that it was taking me to one of the most picturesque places for surfing. Along the way the floor cradled the car in such a way, making me recall sea undulations, provoking a kind of drowsiness as when we are sat on the boards waiting for the set.

After long minutes, ending the anxiety, we finally reached our destiny, we launched the first look to that place, the landscape in the other side of the window glasses invited to be visited, an abandoned territory to the surfers and their passion they can celebrate there. The place is like a valley that ends in a beach; the hills fall, a bit lazy, into the sea creating a kind of amphitheater which gives a unique vision over the landscape, this for the ones wanting to climb them. There is a peaceful energy, the light has a different quality lighting the rocks, the sea, the trees, and the floor giving emphasis to the simple, but harmonically framed colors. It was as if everything was put there by some supernatural force that we don’t know yet; and it was true because the surprising beauty we saw was too much to be by mere chance.

As if it wasn’t enough, we had the beauty of the brown earth, the beautiful waves in the water, blue, being cherished by the wind and waiting for us. We didn’t waste much time and we started the surfing preparations; the water was cold, but it didn’t matter, the waves were there. After some waves being surfed, falls, smiles and the inevitable sips of salty water, we sat all in a comfortable place in the rocks. The sun wasn’t burning intensely anymore; the light breeze from late afternoon came from the hills and touched the end of the valley, the beginning of the sea, precisely where we were.

Right on the top of the rocks stucking out of the seas, a wave stood up and, under the attentive look of the others, someone slipped on it, in a serene and elegant way, painting lines in a surreal painting, the surfer, the waves, the hills. There was a real complicity among everyone, in each look we could find the understanding of the passion that moved, at the same time, each one and all; the eyes “said”: I know what the passion that feeds my soul is and it’s good to share it with you, here where the road brought us.

IT: Lontano dalle strade asfaltate, dalla frenesia delle città e da tutto ciò che è artificiale, attraverso un terreno sconosciuto, semplice e deserto. E' la prima volta che ci trovavamo lì. Non sapevamo dove fosse, la strada si snodava tra gli alberi, le rocce, le colline, saliva e scendeva. Non sapevamo dove ci avrebbe portato, ma più tardi abbiamo scoperto che ci portava in uno dei posti più belli in cui avessimo mai fatto surf. Lungo il sentiero il suolo avvolgeva la macchina in modo da ricordare l'ondeggiare del mare, provocava una sorta di sonnolenza simile a quella che si prova quando siamo sulla tavola in attesa del set di onde.

Dopo alcuni ansiosi minuti, siamo arrivati a destinazione, abbiamo dato un'occhiata al posto, al paesaggio che dall'altra parte del vetro, ci invitava ad esplorarlo, un territorio abbandonato ai surfisti e alle passioni che là si celebrano. Il posto è una sorta di  valle che conduce ad una spiaggia, le colline degradano pigramente verso il mare e formano una specie di anfiteatro che consente una visione unica del paesaggio, tutto questo a favore solo di chi è disposto a salire. C'è una energia di pace, la luce è di una qualità diversa che illumina le rocce, il mare, gli alberi, il suolo, risaltando i colori semplici, ma armoniosamente incorniciato. Era come se tutto fosse stato messo lì da qualche forza soprannaturale che ancora non conosciamo; In realtà è stato sorprendente, perché la bellezza che abbiamo visto era troppo semplice per essere opera del caso.

Come se non bastasse il colore marrone del terreno, le onde erano meravigliose nell'acqua, blu, accarezzate dal vento, aspettavano noi. Non perdiamo altro tempo e iniziamo a prepararci per il surf, l'acqua era fredda, ma non importava, le onde erano lì. Dopo aver surfato qualche onda, dopo qualche caduta, sorrisi e le inevitabili sorsate di acqua salata, ci sentivamo tutti in un posto accogliente fra le rocce. Il sole non bruciava più così tanto, la leggera brezza del tardo pomeriggio giungeva dall'interno delle colline, toccando il fondo della valle, l'inizio del mare, esattamente dove ci trovavamo noi.

Anche in cima alle rocce che emergevano dal mare, si alzava un'onda sotto l'occhio  vigile di qualcuno che scivolava su di lei serenamente ed elegantemente, disegnando le linee di un quadro surreale, un surfista, le onde, le colline. C'era un'armonia vera tra le persone che stavano là, ed in ogni sguardo si percepiva la comprensione e la passione di tutti, e gli occhi “dicevano”: Io so qual'è la passione che ti prende l'anima, tu sai qual'è la passione che prende la mia, ed è bellissimo condividerla con voi qua,  qua dove la strada ci ha portato.







Texto: Fninga
Imagens: João Barbosa/Emanuel Allaz Silva/Fninga

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