Fninga Surf Kultura: março 2013

Trazido à lembrança por uma amiga, decidi desta vez falar sobre o filme Come Hell or High Water, the plight of the torpedo people (a saga dos homens torpedos) sobre o Bodysurf.

Este filme explora as diferentes visões acerca desta modalidade, bem como os protagonistas e lugares mais conhecidos onde é praticado. Neste tributo ao surf de peito, Keith Malloy o diretor apresenta um olhar único belo e simples, com imagens de retirar o fôlego com relatos de grandes adeptos como por exemplo o Mark Cunningham. Contracenado em lugares incríveis como o Hawaii e a California, merecem destaque as sessões na insana em The Wedge e a perfeita onda de Teahupoo.

Keith Malloy o diretor

Mark Cunningham o "Gerry Lopez dos bodysurfers"

Da experiência do bodyboard ao bodysurf

Apesar de ser entendido como uma das modalidades mais underground e completamente desvalorizada pela midia do universo das ondas, o bodysurf vem sendo praticado há muito tempo por personagens como o presidente do mundo (ops quis dizer o presidente dos…) Estados Unidos Barack Obama, e pelo tão aclamado bodyboarder que faz parte do elenco do vídeo pioneiro, Mike Stewart, um autêntico mad skills. Uma das formas mais puras de surf, por não exigir nenhum meio material além do próprio corpo e a ondas é claro. O filme ganhou tanta notoriedade que foi galoroado nos mais diversos festivais de cinema surf pelo mundo, e até mereceu um livro de fotografias (Chris Burkard, Scott Soens e Brian Bielmann) com o mesmo nome.

Com uma trilha sonora à parte, esta obra te deixa com uma vontade de correr para o mar e apanhar umas ondas assim, prática que embora exigente fisicamente, não é tão difícil como parece. Realmente uma peça de arte que merece ser vista por todos os amantes do mar e dos que vêm no oceano uma fonte infinita de possibilidades de diversão.

O livro

Texto: Fninga
Imagens: Internet

Trent Mitchel definitivamente não é o que normalmente podemos chamar fotógrafo de Surf, embora as suas fotos sejam lindíssimas, este artista não se encaixa totalmente neste rótulo. Nascido e criado na Austrália, tornou-se nos últimos tempos uma das referências na fotografia surf e bodyboard, mas é impressionante como consegue manter uma alta qualidade estética nos mais variados géneros de fotografia em que se envolve, como a Moda e a Publicidade, capturando tudo com uma visão única e particular. Começou a fotografar “surf” quando praticava Bodyboard (como a grande parte dos bons fotógrafos de “surf”) e hoje temos o resultado, tendo mesmo ganho vários prémios Australianos no que se refere a fotografia. Continua praticando bodyboard e surf e nos agraciando com belas imagens, como estas que compõe este post, Enjoy.

Fotos: Trent Mitchell
Texto: Fninga

"As mulheres devem meter-se numa longboard como uma mulher, não me parece que seja boa ideia tentar imitar os homens... fomos feitas para usar a nossa graciosidade e o nosso lado feminino, mostrando como somos belas numa longboard, mostrar como podemos deslizar com estilo e ao mesmo tempo executar excelentes manobras"

Belinda Baggs.

Belinda Baggs ela mesma é a prova disso, surf muito bem e surfa como uma mulher, esbanjando beleza no pico de Noosa Heads, Australia. Muito reconhecida pelo seu estilo expressivo e gracioso, essa surfista Australiana é com certeza a incorporação do espírito do lifestyle do surf, que vai muito além das meninas do circuito mundial e da figura propaganda de “Roxy girl”. É a primeira mulher a estampar a capa da revista Surfer´s Journal e provavelmente a maior representante do Logging actual (estilo clássico de surfar com longboard, que mantém as suas raízes nos anos 60).

Tantas vezes já ouvi alguns surfistas do sexo masculino dirigirem-se as meninas e soltar a máxima “tu surfas bem, tu surfas como um rapaz”; sinceramente nunca entendi essa forma de pensar, até porque não existe nada mais belo do que uma Mulher que sabe surfar e o faz com elegância e destreza feminina. Pergunto-me porque será que quando uma mulher surfa “bem” ela surfa como um rapaz?

Penso que este tipo de afirmação além de reflectir um machismo ignorante, deixa transparecer uma ideia estereotipada do surf como um conjunto de movimentos mirabolantes e impossíveis, ou como se diz, um desporto radical, em que ser considerado um bom surfista é ser um surfista progressivo… Mentira.

Como Mãe ou como mulher, dentro ou fora de água, do longboard ao bodysurf, como embaixadora de causas sociais e ambientais, Belinda Bags (entre outras como Kassia Meador, Daize shayne, Ashley Lloyd, Rell Sunn, Chloé Calmon) definitivamente é a inspiração para mulheres que acreditam no:
DON´T SURF LIKE A GUY *

Leia uma entrevista aqui: DriftSurfing

*não surfes como um rapaz.

Texto: Fninga
Imagens: Internet

"O surf parece expandir seu entendimento de quão preciosa é a vida." 

Penso que a frase acima é uma dos pronunciamentos mais profundos e belos feito ao surf, feita pelo surfista Beau Young no filme Seaworthy de Nathan Oldfield e pessoalmente ela nunca fez tanto sentido como na semana passada.

Acordei cedo, mas cansado, sentindo ainda no corpo os quatro dias seguidos de surf, o amanhecer tinha um cheiro doce e o sol dava um colorido especial a tudo que tocava. A beleza era tanta, que de repente parece que o cansaço de dissipa e um sentido de gratidão se faz presente. Para quem vive um vida em torno do surf a beleza é uma presença constante, servindo de inspiração para uma vivência cada vez mais simples e profunda, um experiencia que desperta todos os nossos sentido.

Acredito que realmente devemos ser gratos à Existência que em meio a tantas possibilidades, escolhemos ou nos foi escolhida a sorte de sermos simplesmente surfistas. Aqui o registro visual do nosso ùltimo dia de Surf.