Surf - Uma actividade Espiritual

16:50


Gerry Lopez, Dick Brewer e Reno Abellira, 1968

Deslizar sobre com as ondas é algo tão distinto que cada surfista o sente e o compreende de uma forma particular, o que torna difícil ou praticamente impossível descreve-lo ou resumi-lo em determinada categoria. Muito embora se têm difundido essa ideia do surf como desporto, isso não passa de uma redundante padronização dos vários aspectos que o compõe. Sinceramente tenho a certeza de que esse aspecto profissional e competitivo do surf seja o aspecto menos fiel à essência. 

Pessoalmente tenho a percepção do surf como um renascimento, um nascimento espiritual, como se fossemos novamente crianças, começamos a olhar para a existência com novos olhos abordamos a vida com Amor no coração, penetramos o íntimo em silêncio e inocência. O Surf é uma arte, uma filosofia, um modo de estar na vida em todos os níveis, espiritual, mental, e física. 

Em analogia com a Yoga, considero-o uma actividade espiritual, algo que se pratica (também) com o corpo mas que eleva o Espírito, que nos conecta com a nossa essência Divina. Assim como eu duvido que você surfista, inspirado pelos momentos dentro de água ou algumas vezes pela lembrança desses momentos nunca tenha se divagado pelos segredos infinitos daquilo a que chamamos existência, pois quando existe a real apreciação das variantes (ventos, marés, tempestades) que tem que existir em consonância para que possamos fluir com as ondas, um sentimento de elevação nos invade.

O surf demanda um estado espiritual nobre, pacifico, puro. O oceano exige uma conexão com a sua própria cadência, seguindo certo ritmo ao mergulhar sob as ondas, o adaptar ao enérgico movimento do mar sobre nossas cabeças, o oceano demanda perseverança para que nos propicie ondas e quando a onda nos escolhe, nesse momento dinâmico temos que estar em perfeito equilíbrio. 

Quando somos levados pelas ondas a mente é absorvida totalmente, esgotando nossos sentidos fazendo com que percamos a percepção do tempo. O passado, a projecção do futuro desaparecem perante a intensidade do momento presente, tornando o agora num momento genuíno sem ego em que nada mais importa. Todos os movimentos ganham contornos de uma reverência, defrontamos com o sublime, começamos a contemplar o sagrado que existe em cada gota de água em cada grão de areia em cada resquício da luz do sol, o SER se conecta a algo que vai muito além da razão. 

Sentimos subitamente, que pela primeira vez somos Uno, os olhos adquirem um brilho, o rosto uma irradiação o intelecto deixa de ser apegado, algo brota vivamente por dentro, nasce uma melodia, o andar passa a ter um ar de dança, um sentimento de beatitude nos invade.

No surfar está um elo transcendente de comunicação com Deus, Natureza, Consigo mesmo ou qualquer outra denominação que o queiras dar, a verdade é que nos sentimos Espirituais, quando literalmente nos deitamos no ventre da mãe natureza e nos deixamos acariciar pelo seu embalo.

Texto:Fninga
Imagem:Internet

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