Meu caro Bruno como estás? Espero que estejas bem, que em qualquer da terra... ou da à gua em que te encontres, que ali estejas em paz.
Desculpa-me por levar tanto tempo a responder à tua mensagem, mas ultimamente tenho estado bastante ocupado. Poderia ter respondido de forma rápida, mas depois de ter terminado o teu livro, sinto que mais importante do que o tempo levamos a tentar entender as coisas, é o tempo que levamos a aprecia-las.
No teu livro falas sobre coisas que viveste num espaço mÃtico e num tempo distante, que se encontra perdido na imaginação daqueles que gostariam de ter feito aquilo que fizeste. O de deixar tudo para trás, quer seja pouco ou muito ou quem sabe nada. Mas preferimos continuar a nos enganar-mos com a ilusões de uma estabilidade tão volátil como o próprio tempo.
Hoje muitos viajam na ânsia de encontrar alimento para a alma, mas infelizmente, sempre para os mesmos destinos processados e plastificados que nos acostumaram, quer tenham ondas ou não. Fizeste diferente.
Agora compreendo o que disseste dizer com a ideia do livro não ser um livro sobre surf, mas que se quisesse ele o poderia ser. Não é um livro sobre surf meu caro Bruno é um livro sobre a vida que se vive de forma autentica e poética. É um "filho" lindissimo, Apetece-me sair por ai, namorar com a vida, deitar-me com ela em todos os lugares e aproveitando cada instante da existência gerar um filho assim. Das fotografias e dos textos saem os cheiros, os gostos, a luz, a vida da pessoas, o que o vento susurra nos lugares onde habitam essas pessoas.
Como tu próprio disseste:
O tipo de Sonho que não passa disso mesmo: um sonho apenas. Um lugar que nos permite ser felizes quando a vida se insinua triste; que nos permite ser livres quando vivemos aprisionados. Um lugar onde somos tudo o que sempre quisemos ser.