Surf é comunidade. Desde os primórdios da cultura no Havai e a sua importância sócio religiosa, durante a era moderna em que eramos considerados foras da lei, até os dias de hoje, era dos atletas de surf que sempre tivemos um sentido de comunidade.
Talvez por ser uma atividade à margem da sociedade e nunca ter sido tão valorizado em meio aos outros desportos, sempre houve entre os surfistas um sentimento de comunidade, como se fizéssemos parte de uma sociedade fechada, que têm acesso a um segredo que o resto da humanidade ainda não tenha decodificado.
Foi esse o sentimento no Open Sal Ponta Preta. Claro que é uma competição, que no final do dia são apontados vencedores, mas para mim o mais importante desses momentos é a oportunidade de encontrar amigos do mar, aqueles que apesar do tempo e da distância, mantemos o contacto oceânico. Durantes esses dias não faltaram esses momentos de celebração das nossas vidas salgadas.
Um desses momentos foi a homenagem a esses mesmos amigos e pioneiros com quem partilhamos da vida salgada, daquela fixação com os ventos, as marés, as conversas ao redor das fogueiras nas inúmeras vezes que perseguíamos as ondas.
Comunidade é Família e família é comunidade, foi bonito ver competir juntos os irmãos barros, sobrinhos e tios, e claro em especial foi ver a comunidade coroar como verdadeiro campeão da prova o pequeno (enquanto está em terra pelo menos) Michael Monteiro apesar do 4 lugar oficial. Mesmo com pouca idade Michael apresentou o seu já surpreendente bom nível de surf, tendo vencido os seus dois primeiros heats e se posicionado em segundo nos outros dois, trilhando assim o seu caminho até a final em que competiu contra o seu Pai amigo e mentor Mitu.
Esse coletivo teve representação das ilhas de Boavista, Santiago, São vicente e Sal, mas também houve um aspeto da nossa comunidade Africana com a presença dos irmãos Senegaleses e oriundos de Marrocos. Acredito que essas duas nações são um exemplo para nós e do que poderemos ser, estão estruturados e organizados e é notável que há um posicionamento serio em relação aos desportos náuticos. E que nós apesar de termos tantas vezes provado o valor em termos de condições com tantos campeonatos de nível mundial aqui já realizados (o campeonato PWA 2007 realizado na Ponta preta é apontado como a melhor etapa já realizada na historia do windsurf) e de ter produzido tantos campeões, ainda engatinhamos em termos de estruturas e politicas.
Cabo Verde sendo essencialmente Mar e com as condições naturais e talentos humanos que oferece, deveria estar em outros patamares. No entanto esse Open me pareceu um ponto de virada, a primeira de possíveis quatro etapas a serem realizadas durante este ano. Quem sabe uma nova era e muitos mais momentos de encontros para a comunidade.
Para acessar os resultados da prova acesse aqui e aqui.
Cabo Verde sendo essencialmente Mar e com as condições naturais e talentos humanos que oferece, deveria estar em outros patamares. No entanto esse Open me pareceu um ponto de virada, a primeira de possíveis quatro etapas a serem realizadas durante este ano. Quem sabe uma nova era e muitos mais momentos de encontros para a comunidade.
Para acessar os resultados da prova acesse aqui e aqui.
African Surf Power |
Que nunca nos falte memória. |
Michael, peoples champ |
Fotos: Fninga
Texto: Fninga